Os Três - Sarah Lotz.

Título: Os Três.
Original: The Three.
Autora: Sarah Lotz.
Editora: Arqueiro.
Nota: 4/5.

Quinta-Feira Negra. O dia que nunca será esquecido. O dia em que quatro aviões caem, quase no mesmo instante, em quatro pontos diferentes do mundo. Há apenas quatro sobreviventes. Três são crianças. Elas emergem dos destroços aparentemente ilesas, mas sofreram uma transformação. A quarta pessoa é Pamela May Donald, que só vive tempo suficiente para deixar um alerta em seu celular: Eles estão aqui. O menino. O menino, vigiem o menino, vigiem as pessoas mortas, ah, meu Deus, elas são tantas... Estão vindo me pegar agora. Vamos todos embora logo. Todos nós. Pastor Len, avise a eles que o menino, não é para ele... Essa mensagem irá mudar completamente o mundo. (SKOOB)

Medo. Muito medo. MEDO DE VERDADE. É isso que eu senti lendo esse livro. Eu não estava com muitas expectativas, porém desejada loucamente que fosse bom. E foi, graças. Os Três é um livro empolgante, que te deixa vidrado e o final é de arrepiar, ficando na sua mente por dias e fazendo você pensar: será? E se..? Sei lá, acho que exagerei um pouco nesse começo (?), vamos à resenha.

O livro conta sobre quatro acidentes envolvendo aviões que aconteceram em lugares diferentes do globo, Ásia, África, América do Norte e Europa. Houve três crianças que sobreviveram, porém foram intensamente afetadas por isso e sofrem uma drástica transformação. Uma pessoa chegou a sobreviver, mas só vivem o suficiente para mandar uma mensagem meio sem nexo e que fez com que tivesse uma mudança tremenda em todo o mundo. Ok, talvez a minha sinopse não seja tão medonha assim, mas leia o livro e você vai entender o que eu estou falando (?).

O livro é narrado de uma maneira meio... diferente. Eu não sei que consigo descrever de um modo que vocês entendam, mas eu vou tentar ao menos. Não é escrito de uma maneira convencional. Na verdade é um livro contado dentro desse livro. Tem uma mulher, que escreveu um livro sobre tudo o que aconteceu nessa tragédia fictícia e depois dela, e esse livro é contado em Os Três. Deu para entender mesmo que hipoteticamente? (?) Se não entenderam falem que entenderam do mesmo jeito pra me deixar feliz Então, é contado por meio de entrevistas com as famílias das crianças sobreviventes, com amigos próximos, artigos e afins. É divido em várias partes, sendo intercalado entre a parte dos sobreviventes (que contava com a entrevista das pessoas responsáveis por cuidar das crianças) e da conspiração (que são as outras pessoas que acham que isso é obra de alienígenas e outros que são os selos do apocalipse sendo quebrados, de qualquer jeito o fim está próximo caros colegas). Eu achei isso muito interessante e fez a leitura tornar-se misteriosa. Iam sendo introduzidas algumas ‘dicas’ do que aconteceu no final de tudo durante o livro e isso me deixava cada vez mais curiosa para saber o que tinha de fato acontecido. Algumas partes logo no começo me pareciam estranhas e sem necessidade, mas depois elas vão se encaixando no todo. É rico em detalhes e o ritmo é frenético, então você simplesmente não consegue deixar o livro de lado.

Ok, assumo que no meio do livro as coisas vão ficando um pouco mais calmas, você vai sentindo como se nada mais acontecesse e só ficasse na mesma, por isso não foi cinco estrelinhas, vocês sabem que eu sou exigente (?). Daí tem o final. Foi o que mais me deixou perplexa em todo o livro, mas vou explicar primeiro as várias hipóteses de final que se formam na sua cabeça durante o livro de acordo com as teorias. Durante a trama é apresentado várias ‘teorias’ do que poderia ter acontecido para que as três crianças conseguissem sobreviver a um acidente tão terrível e como poderia os quatro aviões caírem quase no mesmo tempo. A primeira é a explicação científica, sei lá, na qual as crianças sobreviveram por um milagre e que os aviões sofreram uma pane, o que por uma coincidência ocorreu no mesmo dia em diferentes lugares. A segunda é a religiosa, na qual os cristãos evangélicos acreditam que as crianças são um dos sinais do apocalipse e que estão ‘possuídas’ pelos Quatro Cavaleiros, sei que está faltando um, mas eles crêem que tenha ainda mais uma criança que sobreviveu no acidente na África – apesar de não ter sido encontrado inicialmente. Eles são liderados pelo pastor Lee, que acredita que a mensagem enigmática deixada por Pamela May Donald (que estava no avião que caiu na Ásia e deixou gravado um aviso sobre ‘o menino, vigiem o menino’) foi um sinal para ele. Pastor Lee então começa a propagar toda essa ideia aos quatro ventos e acaba atraindo vários fiéis para essa causa. Ele é uma das peças importantes para o que acontece no final e isso vai sendo mostrado aos poucos, como ele acabou mudando depois que o acidente aconteceu. A terceira é a de que na verdade as crianças sobreviveram porque alienígenas plantaram chips neles e estão monitorando seus passos e todo o blábláblá típico. Essa era a teoria que eu mais acreditava, talvez porque eu adoro Arquivo X e todo esse lance de alienígenas. Foi também a menos explorada durante o livro, o que eu achei sacanagem. Voltando ao final então, nele é nos revelado enfim óbvio o que aconteceu com as crianças e o mundo depois de tudo isso. Os últimos acontecimentos são de tirar o fôlego, eu fiquei pensando que tudo seria possível. Gostei, de verdade, acho que fechou bem a trama e que ainda assim conseguiu deixar algo no ar, como se dependesse da interpretação do leitor e do que ele acreditava. Digno, não é pra tanto que tem uma frase do King sobre o livro.

As personagens são bem exploradas, mostrando como essa tragédia afetou cada uma das pessoas além do luto pela perda dos entes queridos. Na Europa, uma menina sobreviveu, a Jess, mas seus pais e sua irmã gêmea morreram. Ela então fica na guarda do tio, Paul, que não acaba agradando os outros familiares devido a sua carreira um tanto fracassada de ator, por ser homossexual e por ter se envolvido com bebidas no passado, sem falar de alguns problemas neurológicos. Essa última parte me fazia questionar as coisas que ele falava no livro, mas de resto era uma pessoa de bem. Ele também é drasticamente afetado por esse convívio com a menina, a pressão da imprensa e entre outras coisas. Senti pena dele em vários momentos, outras foi só uma raiva básica. Na América, o Bobby que sobreviveu e foi morar com sua avó Lillian e seu avô Reuben, este que sofria de Alzheimer. Ele é retrato de uma maneira mais tranquila, sendo a avó que deu as entrevistas para Elspeth, que é a autora do livro. Na África oficialmente não houve nenhum sobrevivente, o que não impede os conspiradores de irem a procura dele. Creio também que foi onde acidente foi menos explorado. Na Ásia foi Hiro o sobrevivente. Ele é filho de um homem famoso no Japão por fazer robôs que se assemelham muito a realidade, ficando difícil diferenciá-los entre os humanos que serviram de modelo para fazê-los. É contado sobre ele através da sua prima, por conversas online que ela tem um com amigo. Fica menos evidente toda a transformação que ele causa nela, já que só sabemos o que ela vai escrevendo na conversa, mas mesmo assim foi bem intensa.


Resumindo: eu sei que essa resenha ficou enorme, agradeço se você teve a paciência de ler tudo, mas é que esse livro é tão intenso e instigante que eu precisei escrever tudo o que eu senti com essa leitura. Super recomendo o livro, de verdade, leiam. Mas leiam de luzes acesas e de preferência não à noite, se você for medroso assim como eu. Um livro tenso, que mostra o poder que as palavras têm de se tornar uma ideia, que é disseminada para várias pessoas que acabam acreditando nela, principalmente quando envolve uma entidade com poder superior ao nosso de meros mortais, e mudando o mundo. Muitas vezes não para melhor. Recomendo. É isso tudo por hoje, já escrevi demais, fim.

5 comentários:

Sofia disse...

Eu não consegui pensar ou acreditar em nenhuma teoria durante todo o livro, sério. É tão intenso, complexo e surreal que eu não pensei em nada. O final me incomodou um pouco, como pode essa mulher acabar o livro assim?! Não pode.
Mas ainda assim, com minha raiva e tudo mais, é um livro que indico aos quatro ventos.

Beijão

Jornateca disse...

Nossa, estou muito curiosa para ler esse livro o-o faz tempo que finais não me deixam perplexas rs ótima resenha como sempre u-u

Sora Seishin disse...

Oi Vanessa!
Eu terminei de ler o livro no domingo, então vim aqui ler sua opinião sobre ele. Eu amei esse livro! Também acho que tem mais a ver com o poder das palavras do que com alienígenas ou outras teorias.

Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros

Pedro disse...

E o que fazemos? Adicionamos mais livros a lista de para ler, principalmente por ser terror. Ai essas resenhas boas

http://penelopeetelemaco.blogspot.com.br/

Janna disse...

Oi Van, u-a-u adorei sua resenha... fiquei bem curiosa e pensando será que ficarei com medo também rsrs.
Essa história de vigiem o menino é o que mais chama a atenção, quero saber o final o que aconteceu de verdade com essas crianças, gostei da teoria de alienígenas.
Parabéns pela ótima resenha, mesmo ela ficando ENORME rsrs.

Beijos!!!
@jannagranado
http://livrospuradiversao.blogspot.com.br

 
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